segunda-feira, 20 de junho de 2016

Nem pão, nem leite

Pensei em escrever. Há muito tempo isso não acontece de fato. Os anos passaram, algumas coisas mudaram e outras não. A civilização continua complicada, as crianças ainda enxergam mais que os adultos. Descobri que elas tem uma capacidade de abstração enorme. Mas a desconfiança não mudou. E não mudou também o fato de que eu não sei do que desconfio. Só desconfio de muita coisa. O "escreve e apaga" continua o mesmo, lento. Nenhuma ideia em mente. 
No fundo, esse pão molhado no leite aconteceu com o objetivo de eu avisar que não ia ter pão hoje, nem leite. Mas aí, o que me aparece? Nem pão, nem imaginação. Apenas uma amiga batendo à porta e me convidando para fumar e comer qualquer coisa em seu apartamento. Pensei. Há tempos atrás eu não iria, mas não pela minha vontade. Tempos atrás eu não conhecia esta amiga, e em minha casa tinha pão. 
Olho hoje para o pequeno armário que guarda todas as comidas neste apartamento e nada. Somente óleo usado, vinagre, alguns temperos e... vou remexendo os sacos de pães vazios (guardados para enrolar cigarros)  atrás de alguma coisa a mais, mas é só isso. Não tenho o mesmo estômago de anos atrás. Nem a mesma cabeça. Parece que tudo muda, ao mesmo tempo que alguma coisa permanece. É difícil compreender o tempo. Sem querer, vou falando muito dele, do tempo que não tive para ir à padaria.
Olhei para o meu quarto. Uma certa bagunça, uma certa sujeira. Alguns textos espalhados em cima da mesa esperando para serem lidos. Filmes esperando para serem terminados. As roupas penduradas esperando serem deixadas na cama (sabem que só vou guarda-las depois de algum tempo). Roupa pra lavar também há. Tudo esperando. Inclusive eu, estirado aqui nesta cama desarrumada com todas estas coisas para fazer. Esperando o tempo passar. Esperando alguma coisa. Específica coisa que desconfio não encontrar. Continuei deitado me distraindo com os aviões que passam de cinco em cinco minutos na minha janela.
Hoje não iria ter pão, pois eu não fui na padaria, mas minha amiga apareceu para minha felicidade. Lá também não tinha pão. Ela sempre tem coisas diferentes para comer, para me mostrar. É interessante. E um dos melhores modos de passar um fim de tarde (que você não esperava chegar), era fumando um tranquilamente junto dela.

sábado, 19 de abril de 2014

"dedicatória; anônimo...

"Eu somente não entendi como a Suh sumiu. Como? Você vai falar disso nos próximos textos?
E esse olhar que não traz diferença não pode ser o da Suh pois ela já sumiu. De quem seria?"

Oi... Anônimo, pode se identificar? O de geografia? gostaria de saber mais. Tu fala tão pouco. Parece aquele meu colega de quarto meio inexistente. Preciso esperar respostas. Não gosto de esperar. Ah, desculpe esquecer das perguntas que fez. Como ela sumiu? Não sei. Também não sei se falarei sobre isso. Ou eu sei... Isto é questão de fazer uma inferência no banco de dados da mente bagunçada. Leva horas para se encontrar algo. O meu amigo do sítio sempre brigou comigo por causa disso dizendo que eu deveria informatizar tudo. Eu gosto do antigo, do natural, do mais humano. Se bem que... já nem sei mais o que é humano. Direitos humanos, o que é isso? Enfim, me perco no sentido que as palavras trazem. No seus fonemas, nesta relação entre entre eles que certos pares criam uma harmonia a mais... Deixemos isto quieto. Complicado, queria te deixar claro como eu gosto de preservar uma certa tradição, tentar te fazer entender o que gosto, mesmo sendo contraditório já que nem eu mesmo sei. Não informatizei, e algumas horas a bagunça dificulta o encontro das informações. A linguagem usada é pouca. Não sinto-a elegante. Deveria ser?
Ela sumiu sumindo. Lá pras sete da noite, trocamos algumas mensagens por estes meio modernos e tecnológicos. Conversa válida? Digna de ser denominada "conversa"? Enfim, aí muito tempo se passou. Nunca mais nos falamos. Ela sumiu. Não sinto falta. Ela talvez tenha existido somente na minha mente criadora de mulheres inexistentes. Quem existe então? Tu, o amigo do sítio (duvidoso), eu (mais ainda), e outros... a garota do deserto, alguns funcionários dos postos de gasolina e das lojas de conveniência. Eu não sei cara, me desculpa. Mas em suma, ela sumiu. Já falei; poderia inventar alguma história no próximo texto mas isto seria uma grande mentira.
O olhar que não traz diferença? Isto é um monólogo? Uma narração, descrição? Eu sou meio ruim com classificações no meio literário. Mas isto não é literatura, muito menos sobre o "eu" como o professor velho disse. Isto é algo que talvez não saberemos; O segredo? Num baú em alguma caverna no sul do Chile. Ou no quintal da casa pobre, aquela do texto antigo. Odeio classificações, não lembro, não me dou bem com elas, pelo menos aqui as quero longe, com todo respeito é claro. Para ser claro e não enrolar mais, coisa que estou sem querer fazendo muito como agora, vou te dizer: O olhar seria de uma grande escritora que conheci. Ela é pequena, mas é grande. Assim, não sei o que pensaria lendo. Poderia me ridicularizar para à crítica. Mas eu não sou daquele mundo, nem quero pertencer. Prefiro o sítio longe. Bem longe... Mas me mande cartas ou mensagens que o quero conhecer. Quer uma dedicatória? Para tu, Anônimo. Seja o da geografia ou não, ou alguém que não é tão anônimo. Um abraço, um gole do whisky escocês, soda, e... inté.

terça-feira, 15 de abril de 2014

"Sumiço; sem whisky..."

Pelo tempo, a escuridão deste canto deve ter voltado. Algumas notas... A Suh desapareceu; sumiu, nunca mais a vi. A dor as vezes ainda volta, e a gasolina é mínima. Mas empurrando a moto muito velha espero voltar. Algum momento devo chegar. Ou não? O canto; retornou a seu estado verdadeiro. Talvez eu não, talvez alguma mudança deva ter ocorrido nas viagens de ida e volta feitas. Ou nos momentos estranhos, em algumas novas experiências como... Viver mais sozinho do que nunca. Melhor seria morar. O signo morar. Palavras desaparecem. Foi o que li. Elas se transformam em sentido. E não há nada além desta folha. O olhar dela não traz diferença. Mas o que ela cria supera todos os anos do trabalho do sumido professor. Só isso, aquele amigo distante e próximo está esperando as balas de menta que um dia há muito tempo eu fui buscar na venda que fica há mais ou menos dez minutos a cavalo.
E o whisky acabou...

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Suh, becca e o trailer.....

Eu não sei... A descoberta está aqui mas as palavras se foram, aquelas que iriam contar para mim. Eram tão idiotas e melosas que se foram para um bordel beber e ver se conseguiam um papel em algum grande livro. Aqui só restou meu amigo, algumas letras loucas e cordiais, e eu não. Como de costume, eu nunca estou aqui, estou dormindo, no meio do corredor do hospital caído no Norte do país. Ela me chama, a descoberta. Suh... becca. Mesmas mulheres, talvez. Não. Eu não entendi direito. A becca é a Suh, só eu não sabia disto. Mas por ser nova esta ideia, ela ainda precisa ser trabalhada, desmiolada, está tão enrolada e confusa em mentes que não conheço. Escritora, médica, e o que for, ela é perfeita, é idealizada, é tudo. Sou nada, uma porcaria, algo para quem os bancos não emprestariam dinheiro para um projeto de garagem, para beber com um escritor velho. Nada disso existe, todos dizem, pois eu crio minhas próprias regras, se quero acha-la perfeita, acho! Tiro um revólver, se quiser que te provo. Essa é a melhor parte. Meu companheiro que me ensinou, amigo. "Ninguém vai falar nada quando estiver na tua mira!" Perigoso, errado, fora da lei? Foda-se. Eu já estou longe mesmo, fugindo de tudo, talvez não dela, mas todos os cães iram me caçar, pois precisam de mim morto para o povo de Gotham dormir em paz. Estranho tudo isso, estou triste. Eu não queria isso. Certas coisas, as vezes. Deixo minhas palavras para que eles fiquem correndo em círculos, enquanto a amo. Não se preocupe, ninguém lê, ninguém sabe, só nós dois, naquele fim de mundo. Daquela porta só nós passamos. Eu tenho certeza, apesar de desconfiar de tudo. Foi isso que me fez bom atirador. Cantil no bolso esquerdo da camisa, bebo um pouco, whisky, o clássico. Revolução e não, o eu é assim. Queria terminar, mas não ficou bom, nada tem sido bom, ou ficado, este não é seu momento volk. Ou sua semana, sua vida, por aí vai... A gente só é livre no sertão. Acredito nisto. Sabe a garota que encontrei no deserto, Anônimo de geografia? Pois bem, é ela. Encontrei em meio a profunda tristeza, pobreza, ela lá, desenhando, esperando algo que nunca chegaria, como se soubesse disso e ainda sim não perdesse a esperança. A estranha dos estranhos. Era tudo isso que tinha a registrar. Queria as vezes que algumas palavras me perseguissem, mas apenas estou invisível neste quarto. Lembro das sensações sentidas naquelas horas, no banho, na bebida na cama com ela deitado nos meu braços, todo esse tempo sem saber quem era. Só Suh...
Esta é apenas uma nota meio trouxa. Estava eu num bar enquanto a escrevia. Aquele mesmo que eu não contei sobre. Foi quando meu amigo chegou, depois de alguns meses sumido. Sentou-se ao meu lado, pediu o de costume, e começou a falar... Dores de cabeça, elas tem me impedido de saber como fico embriagado. Sabe quando não chega o fim mesmo depois de horas de espera? Está na hora deu ir assim mesmo, comer qualquer coisa junto dela...

Nem pão, nem leite

Pensei em escrever. Há muito tempo isso não acontece de fato. Os anos passaram, algumas coisas mudaram e outras não. A civilização continua...