domingo, 16 de junho de 2013

"Deserto I...



Loucura. Fuga. Deserto e uma pequena cidade. Somente a roupa do corpo. Uma casinha, pequena, feita de umas três ou quatro paredes lisas. Uma menininha no quarto, dormindo. Sonhando que escrevia e que todo seu choro a folha absorvia e não molhava. E ela poderia chorar tudo o que quisesse. E não importava problemas. Ela tinha uma folha. Esta é uma folha diferente. Eu desenho ela para que possa entender. Mas preciso dos lápis coloridos que estavam escondidos na parede. Não sei explicar, era um canto quebrado em que ela guardava tudo o que era dela, tudo que gostava. Era pouca coisa. Uma memoria diferente, ela guardava quase tudo lá. Garotinha legal. Eu pensei em entrar lá, mas ela poderia me confundir com um deles. Voltemos às folhas. Descubro agora uma controvérsia. Como pode guardar tudo, se os pensamentos escorrem e pingam no papel e da mente nada sobra? Não sei. Tudo some quando olho para meu bolso, o fundo escuro e um ponto de luz amarela, uma folha, às vezes branca. Tudo se esquece. Mas volto o olhar para o horizonte empoeirado, uma ventania que leva areia para todo canto, ainda aquilo me acalma. Não me acalma o que não escrevo, o que não quero relatar. Pois perderia a folha ao pensar em escrever isto. Como? Ela foge, tudo some, como se estivessem sendo sugadas por um buraco negro em um milésimo de segundo. Talvez menos, por isso, sem pensar nos problemas do homem que passou em minha frente cambaleando de bêbado ainda de manhã, eu a observo. Ele se embriagou por conta, agora se quiser ficar parado, sofra com sua dor de cabeça. Importa-me mais a garotinha dormindo.

Uma mascara de gás. Venha, pule, eu te trago de volta quando forem embora, mas agora precisamos ir! Esta bem, pegue logo suas coisas, não para sobreviver a semana, não precisa. Só isso, esquece a semana, já disse, ela é importante, mas eu a deixo insignificante. Vamos para aquela direção.

Ela sabe meu idioma, como aprendeu? Não sei, corremos de lá. Oriente médio. Em algum lugar que tem muita areia, caso nos localize, mande nos alimentos, não quero ter que ensinar esta doce garotinha a roubar a banca de maçãs, nem a escrever artigos professor, ela não ira fazer esta prova para ter uma cela separada. Seus olhos sãos negros... Pandora?

Nem pão, nem leite

Pensei em escrever. Há muito tempo isso não acontece de fato. Os anos passaram, algumas coisas mudaram e outras não. A civilização continua...