"Pensando no escuro; em meio ao brilho que traz os olhos
fechados. Objetivos que traçamos quando fazemos algo. E me dizem que é perder
tempo não fazer nada. Não é não. Eles não sabem o que dizem. Se quiser perder
tempo lendo isto, perca; ninguém mais sabe o que é melhor pra você do que você
mesmo. Nem o que você deve fazer com seu tempo. Se te privam da liberdade... Fuja.
Se te falta coragem... Mas se você diz que vai sair de casa daqui algum tempo,
eu acredito em você. Não tem nada melhor do que sentir aquela sensação de vida própria."
Aquela sua voz me encantava. Adorava ficar ouvindo ela falar sem parar, para mim, o tempo não precisava mais passar. Horas e horas da madrugada. Aquele seu olhar em meio a imensidão da noite. Tomávamos um café bem quentinho, especialidade dela. Já era quase
meia noite, seus pais dormiam e nós somente no quarto conversando. Estranhamente,
meus pais me deixaram dormir aquela noite na casa dela. Conhecia-a há pouco
tempo, mas gostava muito dela. Agora já me aparecem perguntando o por que. “Aquela garota não é uma boa companhia, você não
percebe?” Olhe: quando gosto é sem razão descoberta.
Eu ignoro. Achas que eu deveria ouvir? Pense o que quiser. Isso
já não é do meu alcance, nem quero que seja, antes disso. Objetivo? Não. Só queria
te contar sobre aquela noite, aquela chuva que batia na janela do quinto andar,
de um prédio perto de uma avenida, das cobertas de xadrez coloridas bagunçadas
no chão, do meu encanto por aquele momento. É verdade quando ele disse que
quanto tu gosta de um momento quer eterniza-lo. Não quero pensar mais em objetivos,
e sinto muito mas nem em você que lê, pois isso tudo me deixa muito confuso. Apenas
imagine na sua mente aquele momento e coloque um ponto final. Somente no texto.
Deixa as lembranças soltas...